Como esquecer o sucesso “Cachimbo da Paz”, um dos maiores sucessos do Gabriel o Pensador, que tem uma letra atemporal, afinal, ainda estamos com as mesmas políticas e as mesmas discussões, evolução, de fato, não há. Pra falar a verdade, a internet aumentou a gritaria, comprovou a nossa involução, elevou o nosso ego e ainda aprendemos as teorias da física quântica que não sabemos como funciona.

Em meio a tanta tecnologia e o boom da Inteligência Artificial, em 2023, precisamos voltar a ser humanos e a compreender que a diversidade deve ser natural, misturada e compartilhada entre todos, assim poderemos caminhar pra frente, onde todos se admirem e aprendam entre si. Se buscarmos a igualdade, encontraremos a nossa própria destruição.
Por conta desse cenário caótico, Gabriel o Pensador, Lulu Santos e Xamã fizeram uma versão atualizada do sucesso de mais de duas décadas atrás. Vamos ouvir muito “Cachimbo da Paz 2”!
Na letra, eles fazem referência à primeira versão e também citam outros clássicos do cantor como “Pátria Que Me Pariu”. Além desse retorno ao passado, há também importantes questões com as quais mais sofremos neste século, a depressão e a falta de comunicação, irônico, né? Estamos conectados e solitários, gritando por socorro, todos juntos. Estamos surdos por um sentimento que se tornou só poesia, o amor.
Neste novo álbum, o Pensador mostra que, além de tudo, está antenado nas mudanças do hip hop e muitas vezes um passo à frente delas. Os beats trazem influências do trap, com seu peso característico, divisões diferentes nas batidas, sem deixar de lado seu vocal no estilo boom bap, variando os tipos de flow, com a versatilidade de sempre.
Os convidados Black Alien, Armandinho, o rapper Sant, Hélio Bentes e o havaiano Makua Hoffman garantem a amplitude de estilos e sonoridades, valorizada pela produção de Kevin Afonso com a contribuição valiosa de Dree Beatmaker, Papatinho, DJ Caíque, André Gomes e o português Sam The Kid.
Sempre inovando em suas produções, Gabriel impressiona pela atemporalidade da maioria de suas músicas. Mais de uma vez deu voz e traduziu anseios e sentimentos de gerações inteiras, sempre buscando um caminho de positividade, atitude e evolução através do ritmo e da poesia.
Em uma das letras de Antídoto para todo tipo de veneno, o Pensador comenta sobre seu pioneirismo no rap brasileiro. Ao descrever a determinação com que transformou seu sonho em realidade, prefere qualificá-la como profecia e usar a palavra para dar título à música em que relembra os 30 anos de sua trajetória. Um trecho demonstra que, nos tempos do trap, o mesmo Gabriel que não é sempre o mesmo continua nos representando e nos lembrando como a música liberta.
Profecia
…
Já sabia o que eu queria
Liberdade pra buscar sabedoria
Sem saber e sem querer saber se alguém me seguira
Mas sabendo que eu seguia um sonho e que eu conseguiria
Bem seguro que ninguém seguraria e nem segura esse moleque que ainda mora no meu peito
vou seguindo desse jeito
que inspirou muito moleque a fazer rap como eu faço
e até hoje quando eu faço rap o meu braço arrepia
30 anos não são 30 dias
Nós traçamos nossa profecia.
Gabriel o Pensador
Com essa sabedoria, ele ainda, de algum modo, acredita e tem esperança. Essas rimas que falam de mazelas e estruturas falidas também traz positividade, pois o Pensador sabe que com ele, muitos seguem na brisa.

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