Poder assistir a um show do Pato Fu depois provocará em mim uma sensação incrivel! Poxa, lembro-me de uma apresentação deles em Itumbiara, minha cidade natal, ainda quando era muito jovem. Fiquei em um lugar muito distante e naquela época ainda tinha muito medo de multidão, enxerguei muito pouco o palco, mas a energia era muito boa, isso me marcou.
Alguns anos depois acompanhei a performance de Fernanda Takai e companhia no Rock In Rio III pela TV. Fiquei impressionado como a banda conduziu o público em um dia em que tinha Guns e Oasis. Para mim, uma das melhores apresentações daquela edição.
Neste domingo (28), teremos a oportunidade de ver um dos grupos mais originais e criativos do Brasil. O Pato Fu chega Araguari para apresentar no Triangulice sua nova turnê em que celebra 30 anos de história. Imperdível! Ainda mais se for de graça, né? Isso mesmo, você que não garantiu o seu ingresso, corra!
Antes da grande noite, conversei com John. O guitarrista, bem humorado, brincou com o fato de alguns acharem o Pato Fu uma banda “fofa”. Para ele, isso não é tão disseminado e que essa “fama”, de certa forma pode favorecer.
“Haha, acho que a gente mesmo vê isso com uma certa ironia, não é algo tão disseminado assim. Alguns acham a gente a banda mais esquisita do Brasil. Essa nossa “fofura” é na verdade um disfarce que nos dá álibi pra fazer um tanto de coisas, entre elas, o Música de Brinquedo – que é um projeto bem maluco de se tocar música de adulto pra crianças, mas que acho que colabora pra gente estar com pontuação alta na escala de fofura”.
John mencionou “Música de Brinquedo”, uma ideia genial. Essa originalidade e criatividade andam lado ao lado com releituras singulares de grandes sucessos atemporais. Os mineiros nos deixam presos aos arranjos e a musicalidade que eles incorporam a música. Para o guitarrista, a ideia é tornar a música o mais distante da versão original. Ele também lembra que muitas versões aconteceram de forma inusitada.
“Cada uma tem sua história, algumas são por pura afinidade como “Eu Sei”, outras pelo inusitado como “Sítio do Pica-Pau Amarelo” ou “Por Que Te Vas”… De todo modo, sempre tentamos distanciar nossas versões do original, fazer arranjos bem diferentes, longe do “cover” puro e simples. Acho que isso acaba dando nossa cara a essas regravações”.
No repertório muitos sucessos e muita história. Durante a construção desta trajetória, a MTV, dos anos 90, foi muito importante. Questionado sobre essa época e também sobre a influência da internet, o músico relembrou do papel fundamental da emissora, mas salientou que não adianta ficar preso no passado e fez uma afirmação contundente sobre a internet.
“A MTV foi fundamental pra nossa geração, ocupava um lugar diferente das FMs, dava muito espaço pras bandas nacionais, pros festivais, suas premiações mobilizavam todo mundo, desde fãs, a artistas e executivos de gravadoras. O investimento e a visibilidade que se tinha com videoclipes na época era incrível. A internet a substituiu sem realmente substituir, é um entretenimento muito mais pulverizado, sem a carga de informação condensada e agregada que a MTV tinha. Cada artista hoje em dia parece ter que inventar sua própria rede de divulgação, e claro, alguns vão ter mais talento pra isso – o que difere de ter mais talento para a música em si. A gente vai se adaptando, não adianta só olhar pra trás”.
Nós falamos um pouco da história, um pouco de rótulos, um pouco de nostalgia e muito da criatividade e da originalidade do Pato Fu, mas não poderia deixar de citar a saudade que a banda estava de no Triângulo Mineiro. A expetativa é a melhor possível, pois a banda reencontra e agrega novos fãs a cada apresentação
“Estamos só no pontapé inicial dos 30 anos do Pato Fu, os primeiros shows têm sido incríveis, uma mistura de fãs da velha guarda como pessoal mais novo que parece estar descobrindo a gente agora. Tem um bom tempo que não vamos à região, acho que vai ser um reencontro muito feliz pra todos.”
Com certeza John, nós já estamos felizes contando as horas para reviver ótimos momentos.
Igor Castanheira 
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