O amor e a liberdade foram a base de Caymmi e a família continua esse legado

Ah, Bahia, linda! Suas águas, sua cultura e suas tradições nos permitem contar histórias belíssimas. Temos muitas que podemos relembrar. Mas eu gostaria de enfatizar a trajetória de um legítimo baiano com espírito livre e uma alma viajante, Dorival Caymmi. Liberdade, sensibilidade, amor e intensidade definem esse gênio da cultura brasileira. Ele é responsável por levar as histórias do nosso povo para os quatro cantos do mundo.

Foto: Marcos Ribeiro

Dorival Caymmi certa vez disse: “eu gostaria de ter composto ‘Ciranda, Cirandinha’”, parece algo simples para ele que se inspirava no povo para escrever suas obras. No entanto, essa forma de pensar a vida e a maneira como se relacionava com as pessoas o tornava um artista único. Pois, ele via na simplicidade a poesia mais bela e fazia do seu cotidiano a sua inspiração.

Dorival Caymmi não tinha pressa de viver, ele queria aproveitar cada encontro e cada momento, por que ele sabia que o tempo não voltava. Seja nas areias das praias baianas ou cariocas, o cantor levava a vida na maré mansa.

A sabedoria de que a vida acontece em cada segundo, fazia de Caymmi um artista intenso. Ele via inspiração em uma simples conversa com o pescador, em uma folia de carnaval, em um quadro pintado por um artista de rua e nas crenças e tradições do povo brasileiro.

 Essa inquietude de conhecer histórias, pessoas e lugares fez Dorival embarcar rumo o Rio de Janeiro, na época capital do Brasil. E vocês acreditam que ele tinha a intenção de cursar a faculdade de direito? Não iria dar certo! Em dois tempos, o artista conheceu a cultura carioca e  se entregou de corpo e alma, mas nunca se esqueceu de fazer referência a sua amada terrinha. No Rio, Dorival encontrou infinitas fontes de inspiração, ele juntou a calmaria do mar com a noite do Rio De Janeiro para enriquecer mais a sua obra.

Foto: Marcos Ribeiro

E como todo bom baiano, o cantor foi conquistando o seu espaço, trabalhou na Rádio Nacional, onde divulgou o seu trabalho e mostrou o seu talento e, por força do destino ou desejo de Iemanjá, uma de suas canções “O que é que a Baiana Tem” agradou o produtor de um filme estrelado por Carmen Miranda. Em um primeiro momento, a música não agradou a atriz. Isso logo caiu por terra, pois ao conhecer Dorival, a cantora se rendeu ao charme e ao talento do jovem compositor baiano.

Foto: Marcos Ribeiro

Dorival, além de compor a primeira canção que levou o nome do Brasil mundo afora, também participou da montagem da personagem de Carmen Miranda. Os dois ficaram muito amigos

Com uma facilidade imensa de fazer amigos e contar histórias, o artista foi fazendo o seu grupo composto por Jorge Amado, Noel Rosa, Tom Jobim e tantos outros. Muito bem acompanhado, não?

Falamos muito da liberdade, da criatividade e da genialidade  de Dorival, mas essa história não seria construída se ele não tivesse ao seu lado uma mulher que o acompanhasse e tivesse as mesmas características e talento, mas ao mesmo tempo, o impunha um certo limite. Stella Maris foi a grande companheira de Dorival e também uma artista com imenso talento.

Ela e Dorival, imersos na cultura e no poder de transformação da arte, constituíram uma bela e talentosa família, formada pelos filhos Dori, Danilo e Nana.  Esse talento que passa de geração em geração nos proporcionou momentos únicos.

Danilo Caymmi está na estrada com o espetáculo “Viva Caymmi” ao lado do produtor Nilson Raman e o maestro Flávio Mendes. Essa obra-prima esteve em Uberlândia no último domingo (14).

Foto: Marcos Ribeiro

Nós mergulhamos de cabeça na história de Dorival, mas também tivemos a oportunidade de presenciar o talento e o brilho de Danilo que de maneira simples, gostosa, divertida e com muita música navegou nas águas Bahia, nos descreveu a noite carioca, nos mostrou a beleza e a força do povo brasileiro em um formato que une teatro e música. Entre uma história e outra, a obra de Caymmi era apresentada.  Imagine “Nem Eu” , “Acontece Que Eu Sou Baiano”, “Só Louco” “Maracangalha” e tantas outras depois um causo ou curiosidade de Caymmi.

Foto: Marcos Ribeiro

E essa história ganhou um tempero mineiro com a participação de Edson Denizard e instrumentistas da cidade. Edson dividiu os microfones com Danilo em duas músicas. Já os violinos e os violões deram um brilho especial em vários sucessos de  Caymmi

Foto: Marcos Ribeiro

Por onde formos carregamos a nossa história, durante a nosso caminhar, só amor ensina onde vou chegar. Um viva a toda família Caymmi e um viva ao Brasil!

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