Levar alegria e positividade nesse mundo não é fácil, até isso rotulam de maneira maldosa como coaching. Alegria, felicidade e serenidade virou artigo de luxo e quem tenta transmitir algo bom, nesse mundo imediatista, perde o direito de sofrer ou de errar. Eu na minha singularidade percebi que somos inseridos em padrões preconceituosos, que podem ou não ser desfeitos com o tempo, somos seres em evolução lenta, muitas vezes regada de muito sofrimento, e que com o passar do tempo, percebemos que não valeu a pena!
Nesse meu processo já cometi e sofri preconceitos em diversos momentos, muitos deles por não compreender a estrutura, outros por falta de informação e ou levados pela emoção, nada disso justifica, no entanto, posso dizer que sou produto do meio em que vivo. Hoje vejo muita coisa que não concordo e busco mudar com um sorriso e amor. Busco transformar uma realidade que não é feita pra mim com amor e alegria, mas hoje vejo que consegui transformar o meu sofrimento de não pertencimento, que vem desde a infância, em algo bonito do qual eu me coloco em meio a toda essa diversidade humana com sede de aprender, pois quero estar mais limpo e livre. E quando eu vejo atitudes preconceituosas nas redes sociais e uma briga começa, percebo que estamos involuindo, as mídias sociais deviam carregar o slogan “Não me julgue, me ensine e converse comigo, vamos ampliar conhecimento, o que acha?”
O amor não tem padrão, o significado que damos a ele pode ser justo se aplicarmos de fato. O amor é o melhor sentimento que nutrimos, não precisamos defini-lo, ele tem que ser livre. Mas estamos em uma sociedade preconceituosa, lembra? O rótulo ao diferente é inevitável e o medo do novo é irresistível, por isso não evoluímos e aceitamos quase tudo, sabe como é? Aceita que dói menos. Assim seguimos, compreendo o incompreensível e aceitando o mecanismo da realidade, afinal temos que sobreviver, não é verdade?
Eu tenho o rótulo de deficiente, você tem o seu e todos somos enquadrado em um padrão e todos somos ensinados a buscar os mesmos sonhos e ter objetivos parecidos, isso de fato é muito complicado, pois a maioria não têm o mecanismo e, tão pouco as ferramentas para conseguir tal feito. Não deveríamos buscar igualdade, somos diferentes! Como costumamos querer o que nos fazem enxergar, o mínimo que tinham que oferecer é equiparidade nas condições e, mesmo assim, seria difícil.
A maioria luta e não consegue, poucos que alcançam de fato os seus sonhos são felizes, pode ser pelo excesso de esforço ou por uma convicção que se mostrou errada.No final, na maioria das vezes, nada é como parece e tudo se mostra mais simples do que realmente é. Não aprendemos a amar, nós aprendemos a ter e não percebemos que temos que usufruir do que temos e amar quem encontramos, pois tudo volta a sua origem, então faça seu caminho de flores e belos jardins, pois a volta será com reconhecimento genuíno de quem esteve, está ou ainda estará com você.
Eu que sou uma parte excludente, porém inserida nessa estrutura preconceituosa, busco evoluir e criar minha realidade utópica. É melhor do que brigar com essa estrutura, ainda sei que faço parte dela e sou infectado pela mesma diariamente, por isso busco me informar e aprender. Sou grato por ter essa condição, definida por alguns como uma pessoa com deficiência, processo é lento fazer o que, né? Aceitar? Não bastasse a palavra de cunho depreciativo, ainda acoplam a palavra inclusão a quem tem uma característica aparente ou não e não são adequadamente inseridas nessa sociedade preconceituosa.
A palavra inclusão deve estar também diretamente ligada a todo e qualquer grupo que se sente ausente ou, melhor, excluído do seu meio social. Porém as condições em todos os segmentos sociais, principalmente quando se diz respeito a arquitetura, ao comportamento e a comunicação em relação a pessoa com pessoa com deficiência, isso devido aos fatores histórico e cultural, as tornam ainda mais desprotegidas. Por isso transferem a deficiência a pessoa e não a sociedade e a palavra inclusão somente ajuda a reforçar o atraso da sociedade quando a mesma impõe uma necessidade específica a um grupo de pessoas. Mas a nossa luta, não gosto do simbolismo da palavra, mas vou deixar assim mesmo, tem o mesmo valor de todas as outras, não se sentiu incluído, se achegue, tamo junto!
E o mais interessante, agora falando da minha condição e da palavra inclusão, diretamente ligada a mim, tentam estipular maneiras e padrões para melhor nos incluir. Primeiro, a inclusão é feita de forma individual e, mais uma vez, ela é difícil de ocorrer, pois a inclusão começa pela família, que aprende com você a melhor maneira de incluir. Se a família erra e acerta, imagina os que não te conhecem, é muito fácil julgar uma atitude errada, mas alguém sabe qual é a certa? Ao invés de apontar o dedo e criticar todo e qualquer comportamento que você julga errado, vc se perguntou: por que tal pessoa está fazendo aquilo? Provavelmente, porque ela não tem informação e tão pouco conhecimento daquela realidade, então busque ser didático, sorria e, se conseguir brincar, brinque se mostre adapto a se desenvolver com ele e, aos poucos, quebre o medo, pois do mesmo jeito que eu com a minha condição diferente tenho receio, a pessoa de fora também tem. Eu canalizei um sofrimento inicial com brincadeira e sorrisos, compreendi que as pessoas não fazem por mal, estão somente buscando de alguma forma te inserir, pode não ser a melhor forma, mas foi a maneira que elas encontraram naquele momento, eu também não sabia muito bem o que eu representava só queria ser igual, lembra da maldita estrutura, ela mesma, sempre volta.
Se a minha família que me ama e me desenvolveu errou e acertou tantas vezes, como irei cobrar dos outros o mesmo conhecimento que a minha família adquiriu por minha causa? Enquanto isso, assimilo esse conhecimento, mas será que quero pertencer a algo? E será que quero me fazer compreender da melhor maneira? Eu não sei!
Os meus pais são maravilhosos, mas eles não tinham experiência para me ajudar em conflitos que para mim eram e ainda são difíceis, mas eles deixaram eu ter os meus tombos e, como não tinha muito contato com pessoas com a mesma condição que a minha, aprendi a observar e me desenvolver sozinho, buscando me apegar em alguém e a aprender por meio da internet. Eu fico juntando tudo que tem nesse processo para tentar encontrar meu lugar. Somo a minha experiência familiar com a experiência social para moldar o meu Igor atual, sempre mutável.
Só posso agradecer minha família, que apesar de todo protecionismo, me permite viver por mim. Por outro lado, compreendam que é apenas uma experiência de alguém que cresceu curioso e em volta de muita gente, fui aprendendo daqui e dali, ouvindo, trocando ideia e desconstruindo os meus preconceitos sociais, valorizando as relações humanas e agradecendo o processo até aqui, apesar de todo sofrimento, aprendi a canalizar de uma forma positiva e de desfrutar de muita coisa boa que essa mesma sociedade muito doente oferece.
Vou seguir criando o meu mundo utópico com amor e gratidão, ao mesmo tempo em que sobrevivo nessa realidade que não faz questão de toda e qualquer diversidade. As minhas armas são: um sorriso, um abraço e muito amor.

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