Protagonistas de ‘Gota D’Água [A Seco]’ contam curiosidades e falam sobre os desafios enfrentados…

Neste final de semana, o Teatro Municipal receberá uma obra-prima da dramaturgia brasileira. O espetáculo “Gota D’Água [A Seco]” chega a Uberlândia para três apresentações, entre sexta e domingo. Sexta e sábado , às 20h30, e domingo, às 19h30. A obra de Chico Buarque e Paulo Pontes ganhou uma nova montagem e colecionou vários prêmios em 2017. Mas esse, é apenas um dos motivos que vão levar você a assistir a peça.

Com exclusividade, conversei com os protagonistas do espetáculo, Laila Garin e Alejandro Claveaux. Entre uma pergunta e outra, pude entrar no universo do espetáculo e, deste modo, compreendi, um pouco, os desafios enfrentados quando se propõe recriar um clássico. Também, tive a oportunidade de conhecer um pouco desse processo criativo, repleto de várias histórias e curiosidades.

Nesse bate- papo, também percebi o tanto que eles estão envolvidos com a obra e as mensagens que a mesma transmite, seja ela de forma direta ou indireta. A montagem de Chico e Paulo traz à tona situações inerentes ao ser humano e as condições e particularidades que moldam o indivíduo na sociedade. Questões essas que continuam latentes nos dias atuais.

Foto: Divulgação

A história entre Joana e Jasão, interpretados por Laila e Alejandro respectivamente, é amarrada por uma série de conflitos. Sentimentos como: ambição, traição, amor, paixão e poder, mostram muito da realidade social e o quanto a questão econômica em muitos casos, ainda é determinante para a vida humana. E, por isso, “Gota D’ Água“ se tornou um clássico atemporal que encanta e faz o público refletir. Agora, vamos compreender como surgiu a ideia e como a versão “Gota D’ Água [A Seco]” foi ganhando corpo até a sua estreia.

Um sonho

Tudo começou na Bahia, quando Laila Grain, aos 16, ouviu uma fita cassete com as canções e textos da peça, “Gota D’ Água”. Nessa gravação, a jovem ficou encantada e impressionada com Bibi Ferreira, responsável por interpretar Joana na montagem original. Mas não foi só Laila que ficou admirada com o talento da atriz e cantora, durante muitos anos, essa história não ganhou uma nova adaptação, muito por conta da icônica performance de Bibi Ferreira. A partir desse instante, Laila sonhou em participar dessa obra.

Já na faculdade de teatro, aos 19 anos, Garin, participou da montagem de Medeia, de Eurípedes. Naquela época, a atriz não imaginava que, justamente a personagem que inspirou Chico e Paulo, também fosse o principal objeto de estudo de “Gota D’Água [A Seco]”.

Foto: Divulgação

Laila continuou sua carreira, se mudou para São Paulo e, em 2010, se mudou para o Rio de Janeiro pra trabalhar com o diretor João Falcão, desde então, os dois criariam um vinculo muito forte e sempre realizam projetos juntos.

A concretização de um sonho

Três anos mais tarde, João Falcão, Laila Garin e Andréa Alves (produtora) se reuniram e decidiram trabalhar em um projeto novo. E a partir desta conversa, eles pensaram em construir um novo espetáculo baseado no clássico dos anos 70. Em um primeiro momento, a ideia era fazer um monólogo, somente com Laila em cena.

Contudo, João Falcão não conseguiu dar continuidade ao projeto. Rafael Gomes foi convidado para assumir a direção e, com ele, a nova adaptação teve novos contornos, fazendo com que a ideia inicial fosse descartada. Rafael estava convicto que não se poderia contar a história de Joana sem Jasão. Para o diretor, uma história de amor tem dois lados e os dois precisam ser confrontados. Sendo assim, a peça, ao invés de ser um monologo, se tornou um dueto.

Entenda por que essa nova roupagem ganho o título “Gota D’Água [A Seco]”

Na montagem original, o elenco era composto por 18 atores. O espetáculo tinha duração de mais 3h e um contexto mais voltado para realidade carioca dos anos 70. Na atual versão, Rafael adaptou o texto original, inseriu mais canções que, colaboram com o texto e os movimentos dos atores. O diretor idealizou um espetáculo atemporal, com muita influência da história de Medeia, desde o cenário ao figurino. Ele conseguiu construir uma narrativa na qual os protagonistas dão voz aos outros personagens que compõe a comunidade em que vive o casal em conflito.

Foto: Divulgação

Bastidores

Agora que entendemos um pouco da construção da história, vamos nos concentrar nos atores. Com a necessidade de encontrar um Jasão, o diretor fez alguns testes e, nesse momento, entra Alejandro Claveaux. O ator acreditava que Jasão não cantaria, já que na montagem original, a personagem não canta. Alejandro que, nunca havia cantado em cena sozinho, passou um mês e meio tendo aula de canto todos os dias, claro, ele contou com a ajuda de Laila também.

A química entre os dois foi instantânea, já no primeiro ensaio, os dois começaram a dançar. E, isso, se repetia todos os dias. Vendo a possibilidade de utilizar os movimentos corporais como uma forma de expressão, o cenário foi desenvolvido com uma estrutura metálica que, pode simbolizar, desde uma grande cidade a uma favela. Essa estrutura foi criada com base nas coreografias, servindo de apoio para os atores.

Construção dos personagens

Já em relação à construção das personagens, ambos tentaram fazer que, pelo menos, em um primeiro momento, tanto Jasão quanto Joana conseguissem gerar um, certo tipo de empatia, somente com o decorrer da história, a plateia iria desenvolvendo o seu próprio conceito.

Curiosidades

Laila e Alejandro se conheceram quando ele estava em cartaz com o espetáculo “Clandestino”, dirigido por João Falcão. Laila, na época, auxiliava o elenco com aulas e dicas de canto.

Foto: Divulgação

Depois de compreender um pouco dos desafios e perceber o prazer dos atores em apresentar uma releitura de um clássico tão complexo e icônico, mal posso esperar para apreciar essa história de perto, garanta já o seu ingresso!

Ficha Técnica

De Chico Buarque e Paulo Pontes

Adaptação e direção: Rafael Gomes

Com Laila Garin e Alejandro Claveaux

Músicos: Antônia Adnet + 4 músicos a serem definidos.

Direção Musical: Pedro Luís

Cenografia: André Cortez

Iluminação: Wagner Antônio

Figurinos: Kika Lopes

Direção de Produção: Andréa Alves

Diretor assistente e direção de movimento: Fabrício Licursi

Design de som: Gabriel D’angelo

Preparação e arranjos vocais: Marcelo Rodolfo e Adriana Piccolo

Assistente de direção musical: Antônia Adnet

Assistente de cenografia: Rodrigo Abreu

Coordenação de Produção: Leila Maria Moreno

Produção Executiva: Monna Carneiro

Serviço:

GOTA D`ÁGUA [A SECO]

Datas: 15 a 17 de março. Sexta e sábado às 20:30h, Domingo às 19:30 com tradução em libras.

Local: Teatro Municipal de Uberlândia

Classificação: 14 anos.

Duração: 100 minutos.

Gênero: Musical.

Ingressos: lojas Provanza do Center Shopping e Uberlândia Shopping, Lynx Óptca, na Avenida Getúlio Vargas, 1655, no Bairro Tabajaras ou pelo site www.megabilheteria.com

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